Eletroacupuntura

Eletroacupuntura é uma modalidade terapêutica neuromodulatória, que utiliza pequenos estímulos elétricos aplicados a duas ou mais agulhas inseridas em pontos de Acupuntura.

Apesar da eletricidade ser empregada há mais de 4.500 anos para o alívio da dor – inicialmente pelos antigos egípcios por meio do uso de peixes-elétricos –, foi somente a partir do final do século XVIII que se tornou possível combinar a eletroterapia com os conceitos da Medicina Tradicional Chinesa. 

Em 1780, Luigi Galvani (médico, físico, biólogo e filósofo italiano) publicou a descoberta da “eletricidade animal”. Alessandro Volta (professor de física da Universidade de Pavia) teve contato com as experiências de Galvani (professor de Biologia e Fisiologia da Universidade de Bolonha) e, não convencido sobre a “eletricidade animal”, continuou seus estudos. 

No dia 20 de março de 1800, escreveu uma carta à Sociedade Real de Londres, descrevendo o que se conhece hoje como pilha voltaica. Essa invenção permitiria futuramente o uso médico da corrente galvânica (também conhecida como corrente direta ou contínua).

Em 1816, Louis Berlioz (médico francês) aplicou correntes contínuas em agulhas de acupuntura para tratar dor. Em 1825, Chevalier Sarlandière (outro médico francês) tratou gota, reumatismo e disfunções respiratórias com eletroestimulação em agulhas, cunhou o termo eletroacupuntura e publicou um livro sobre o assunto. 

As agulhas eram conectadas a jarros de Leyden, que agiam como um capacitor. Ele é reconhecido como o introdutor da eletroacupuntura na Europa.

Nas décadas de 70 e 80 do século passado, pesquisadores do oriente e do ocidente – como J. S. Han, George Ullet, Gabriel Stux e Bruce Pomeranz, entre outros – descreveram mecanismos analgésicos da eletroacupuntura relacionando faixas distintas de frequências de estimulação e ativação de fibras nociceptivas de baixo e alto limiar à liberação de neuropeptídios opióides endógenos e outros neurotransmissores. 

Desde então, vários estudos têm sido publicados atribuindo à eletroacupuntura efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, neuro-regulatórios e homeostáticos, além de benefício no uso preventivo em diferentes situações.

Principais mecanismos de ação da eletroacupuntura:

1) Liberação de opióides endógenos
2) Modulação do sistema adrenérgico, serotoninérgico e de outros neurotransmissores
3) Efeito anti-inflamatório mediante ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
4) Modulação da plasticidade neural através de mecanismos LTP e LTD
5) Ativação do sistema de Controle Inibitório Nociceptivo Difuso

Pesquisas recentes indicam os benefícios da combinação de técnicas de estimulação cerebral não invasiva como o ETCC (estimulação transcraniana por corrente contínua) e eletroestimulações periféricas – transcutâneas, como no caso da estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e eletroestimulação funcional (FES), e percutânea como no caso da eletroacupuntura (EA). 

São as chamadas técnicas de estimulação Top-down e Bottom-up. Entretanto, mais estudos devem ser conduzidos nesta área para podermos avaliar corretamente os benefícios e utilização dessas técnicas associadamente.

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