Acupuntura e acupunturiatria

É imprescindível esclarecer que, no atendimento do paciente por esta especialidade, o procedimento cirúrgico-invasivo de inserir uma agulha em uma região corporal é apenas a etapa final de uma série encadeada de indispensáveis atos:
  • Ouvir o enfermo, fazendo sua anamnese;
  • Proceder ao seu exame físico;
  • Solicitar e interpretar eventuais exames complementares;
  • Elaborar o diagnóstico clínico-etionosológico e seu consequente e indispensável prognóstico;
  • Fazer a prescrição do tratamento reconhecidamente efetivo, diretamente resultante do prognóstico, e que pode ou não ser um tratamento por acupuntura;
  • E finalmente, se for a indicação correta e adequada, realizar o procedimento acupuntural.

Explicando mais detalhadamente: no meio popular é muito comum ter-se uma concepção errônea desta especialidade; termos como “fazer acupuntura” conduzem a uma compreensão equivocada, como se o desempenho desta especialidade se definisse por “espetar” algumas agulhas na pele de acordo com as queixas do paciente. O procedimento da inserção de agulhas (que, como descreveremos adiante, é muito mais profundo e complexo do que apenas atingir a pele) embora dê o nome à especialidade, é apenas uma etapa de uma série de atos médicos encadeados e interdependentes. Tanto na China, local histórico de origem da Acupuntura, quanto no Brasil, um atendimento corretamente conduzido realizado por um acupunturiatra – em termos éticos, científicos e técnicos – abrange uma seqüência obrigatória de sete etapas:

A palavra “acupuntura” surgiu de uma denominação criada pelos jesuítas no século XVII (derivada das palavras latinas acus, agulha e punctio, punção) para se referir àquele tratamento tão exótico que encontraram em suas viagens à China. Em verdade, trata-se de uma palavra que se refere apenas ao ato de se inserir uma agulha no corpo, seja porque motivo for.

Por isso, alguns autores recentes têm preferido utilizar uma denominação diferenciada, que procure enfatizar a necessidade indispensável de conhecimentos muito específicos que podem conduzir àquele ato de puncionar com uma agulha.

Assim, tem-se usado o nome “Acupunturiatria” para significar, dentro do universo da Medicina Contemporânea, aquela especialidade que se dedica ao estudo e pesquisa dos conhecimentos, principalmente referente aos campos de redes neurais, redes miofasciais, redes metabólicas e redes genômicas, que conduzem a um singular manejo clínico de pacientes, por meio de intervenções, sobretudo invasivas, que ativam todo aquele mecanismo de ação descrito no parágrafo anterior, que se originaram historicamente da antiga Medicina Tradicional Chinesa, e cujos conhecimentos passaram a ser contemporaneamente investigados e comprovados à luz da metodologia científica, utilizando modelos de pesquisa básica em laboratório e estudos clínicos controlados.

Em toda a milenar e rica história da Acupuntura, no desenvolvimento histórico da Medicina Chinesa, à medida que esta foi atravessando os séculos, foi sempre absorvendo o melhor do conhecimento médico de cada época; assim, no século XX e XXI, incorporou o avanço das descobertas e tecnologias médicas contemporâneas, e, graças a isto, as intervenções acupunturais aumentaram enormemente sua potência de ação, sua resolutividade terapêutica, sua segurança, e sua especificidade de indicações clínicas. Para concluir, deve-se ressaltar a adequada atualização de alguns termos:
  1. Acupuntura refere-se, historicamente e de maneira específica, apenas ao procedimento executado.
  2. Acupunturiatria refere-se ao conhecimento completo da especialidade médica, que abrange desde a antiga medicina chinesa até a medicina contemporânea mais avançada, com todos os seus recursos, segurança e tecnologia.
E esse conhecimento assim abrangente, só um médico especialista detém: o acupunturiatra. Esse nome é de natureza semelhante à pediatra, geriatra, fisiatra, psiquiatra; porque “iatros”, em grego antigo, quer dizer “médico”. Acupunturiatra é o médico especialista que realiza procedimentos de acupuntura.

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